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sábado, 17 de abril de 2010

Suspensão Magneride

Os engenheiros de montadora vivem um dilema na hora de ajustar os sistemas de suspensão. É preciso ter rigidez para quando o porta-malas estiver carregado, sem perder o conforto com o carro vazio (as picapes são um exemplo extremo desse dilema). Mais ainda: em certos momentos, como em freadas ou curvas, o ideal seria ter uma rigidez diferente para cada roda. Com o sistema Magneride, desenvolvido pela Delphi e que já apareceu em 2003 na série comemorativa de aniversário do Corvette e também no Cadillac Seville, isso passa a ser realidade.

Suspensões adaptáveis não são exatamente uma novidade. A Citroën tem isso faz tempo, com as esferas cheias de óleo em alta pressão do sistema Hidractive. A diferença é que o mecanismo francês exige um projeto à parte, integrado à arquitetura do carro, e o Magneride pode ser adaptado sem grandes problemas a carros comuns. O Cadillac Seville, por exemplo, é basicamente o mesmo há dez anos.

O coração do Magneride é um amortecedor convencional, mas com firmeza variável. Não custa recapitular: o amortecedor é um reservatório de óleo dividido em dois por um êmbolo com pequenos furos, que sobe e desce empurrado pelas rodas. O óleo custa a passar de um lado para o outro e essa dificuldade retarda o movimento, tornando o rodar do carro mais suave. No sistema Magneride, esse óleo recebe partículas de metal (a Delphi chama de fluido magneto-reológico). Eles normalmente estão dispersos, mas ficam unidos e alinhados ao receberem uma corrente elétrica (gerada por um eletroímã instalado no corpo do amortecedor). Como resultado, o óleo fica espesso até alcançar a consistência de uma geléia, deixando o amortecedor mais duro. Quanto maior a intensidade do estímulo elétrico, mais firme o carro fica.

A intensidade é regulada por uma central eletrônica. Sensores espalhados pelo carro identificam a manobra pretendida pelo motorista e o que está acontecendo na prática, e contam tudo para o computador. São informações como esterçamento do volante, travamento das rodas, inclinação da carroceria, velocidade e aceleração. A central eletrônica leva 15 milissegundos para adaptar os amortecedores. É só o tempo de processar as informações e dar o pulso elétrico. Além de rapidez, o Magneride promete silêncio e confiabilidade - afinal, não há motores a mais, válvulas para abrir e fechar nem circuitos hidráulicos de alta pressão. E em caso de defeito a suspensão fica macia de repente, mas continua em ação. A Delphi diz que o amortecedor magnético tem vida útil de 100 000 quilômetros, a mesma durabilidade prevista para a peça convencional (em estradas melhores que as nossas).

Em curvas fechadas, boa parte do peso do carro fica concentrada em um lado só. Numa situação assim os amortecedores adquirem calibragem mais firme do lado de fora da trajetória, para suportar o peso extra, e respondem mais prontamente para que as rodas do lado de dentro não percam o contato com o chão. O motorista fica livre para acelerar mais sem perder tração e os passageiros não são jogados de um lado para o outro. Um carro mais equilibrado freia em menor espaço. E, segundo diz a Delphi, o rodar fica mais silencioso.

Não é por acaso que a GM está lançando o Magneride ao mesmo tempo no Corvette e no Cadillac. São modelos para um público exigente quanto a desempenho e conforto - bastante desempenho com um conforto aceitável, no caso do esportivo, e todo o conforto com um bom desempenho, no caso do sedã. A intenção da Delphi, porém, é transformar esse amortecedor numa alternativa para a produção de massa. "O Magneride abre a possibilidade de fazermos carros diferentes com as mesmas peças de suspensão, programando seu comportamento por computador", diz Armando Avancini Filho, engenheiro da Delphi do Brasil.

Veja algumas fotos ilustrativas da suspensão com sistema Magneride no Audi TT.











Um comentário:

  1. Mustang 2019 com 10 mil um amortecedor estragou, sem danos ou passagem por buracos. Custa 5 mil.

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